quinta-feira, 7 de novembro de 2013

Da Importância de se ter um Círculo de Confiança

Vida de mãe com filho pequeno é uma coisa confusa, complexa.
Com dois ou mais, então!
Por aqui as coisas mudaram muito depois das crianças. Os tempos são outros, se sair de casa era calçar o sapato, pegar a bolsa, a chave e ir, com os cabelos ao vento, com crianças tudo demora o triplo.
A criança dorme. A mãe espera, pondo roupas na máquina, lavando a louça, procurando os benditos exames de sangue que a criança resolveu esconder no dia anterior. A criança acorda, demora pra comer e beber. A mãe arruma a criança, na hora de ir pro carro ela precisa ir ao banheiro ou encheu as fraldas. Sorte quando não vaza, senão vai mais um tempo para trocar tudo de novo.
A mãe separa a garrafa d'água, o biscoito, a troca de fraldas e roupa, o brinquedo.
"Todo mundo pro carro, vamos, vamos!"
Aí um entra e se joga no porta-malas, achando muito engraçado. A outra começa a correr em volta do carro, "fugindo da mamãe" às gargalhadas. 
Aí voltam correndo pra dentro de casa, "esqueci meu Omnitrix/Buzz Lightyear/livro/nenê". 
E a pediatra esperando. E o portão da escola fechando. E o almoço na casa da tia esfriando. E. 
E.
E...
E os cabelos com certeza não estão ao vento, a mamãe mal e mal consegue tomar um banho que lave bem todas as partes, quem dirá grandes cuidados estéticos.
E por aí transcorre o dia. Os dias. Os meses. Os anos.
E quem entende essa mulher?
Outras mães.
Porque quando a gente encara essa rotina, precisa haver um apoio psicológico/emocional/familiar. Ou essa pessoa se perde no limbo insano da maternidade. E pode ser feio. Irreversível.
Porque é uma via de duas mãos. São mulheres facilmente irritáveis, parece que o pavio aceso pra chegar na carga de dinamite está sempre há 5 cm do fim. Mas se derretem de verdade quando seus pequenos dizem que as amam, quando contam coisinhas das suas vidas, quando caem e chorando, a primeira coisa de sai da boca é "mãmáááiiii!!". Pois ali se estabelece que "confio em você pra crescer saudável e com nenhuma parte faltando, humana".
Não é para todas. Ou todos, pois existem aqueles pais que curtem assumir "com força" essa pa(ma)ternidade. Quem tem consciência dos seus limites e entende que é melhor ser mãe inteira e feliz por uma hora diária do que uma pessoa agressiva e vassourada por 16, tem que ir fundo, super apóio também. Cada um sabe de si e do que melhor lhe calça nos pés, certo?
Não julgo, não questiono, não recrimino. Sou humana, claro, e quando a situação é de abandono total, me permito refletir. De resto, contanto que as crianças estejam bem, tá valendo.
Mas como me incluo lá no começo do texto, percebi ao longo do tempo da importância dessa pessoa cuidadora ter também seu grupo de apoio. Amigas.
Dei sorte nessa vida, tenho uns bons punhados de mulheres que se incluem nessa categoria. E são de verdade, daquelas que a gente pode brincar sem se ofender, se ver depois de meses/anos e conversar como se o último encontro tivesse ocorrido na semana passada.
Mas próxima dos 40, é natural que as amigas estejam em fases diferentes de vida. Pra uma os filhos já cresceram, pra outra nunca vieram. Pra uma o trabalho tá bombando, pra outra ele ficou lá pra trás. Uma tá no primeiro amor, a outra no oitavo.
Como conciliar?
Jogo de cintura pra matar as saudades. Escapadelas, grupinho fechado num canto na festinha de aniversário de algum dos filhos. Mas e as questões urgentes, as fases infantis que nos deixam desconcertadas? Novas amigas.
De novo, dei sorte. Escolhi uma pré escola com valores bacanas, e me identifiquei com as mães do novo grupo social do pequeno. Win-win situation. Os encontros são rápidos, porém diários, as dúvidas são resolvidas na hora, o peito desafoga a angústia da solidão barulhenta da maternidade.
E como isso torna mais leve a jornada!
Então esse texto cabe aí, no setor de agradecimentos. A todas aquelas que fazem minha vida mais alegre e colorida, incluindo aí meus sobrinhos tortos, que já são muitos, e seus companheiros, que nos fazem parar constantemente pra refletir e agradecer sempre por termos nascido mulheres ;)



sexta-feira, 29 de março de 2013

Réquiem

Essa semana cortaram o pinheiro aqui do quintal de casa. Motivo para escrever sobre isso: não era apenas um pinheiro. Era um pinheiro do Paraná, uma araucaria angustifolia, uma árvore símbolo dessa terra que habito. 


Foram meses de idas à prefeitura, vistorias, etc, até concordarem que a bichinha oferecia riscos e autorizarem o corte. Caso não haja essa autorização, a multa pelo corte ilegal ultrapassa os R$3.000,00. Não era o caso aqui, o de querer pagar multa.
Primeira boa notícia, o custo do corte fica por conta do requerente. Orçamentos girando até a soma de R$1.800, pelos bombeiros, mas optamos por um cortador particular que fez o serviço por R$800,00. Segunda boa notícia, nos entregaram a autorização (aceita em fins de janeiro) lá pelo fim de fevereiro, com validade até meados de julho. Detalhe: nos meses de abril, maio e junho está proibido o corte de árvores na cidade. E quando chove eles não podem escalar a árvore, pois fica muito lisa. Ieii. Isso nos deu um super tempo para nos organizarmos.
Enfim, tudo rolou, mas deixando burocracias (e informações úteis, pois alguém que me leia pode ter o mesmo problema) de lado, o dia em si foi intenso. Como é doído assassinar um ser sadio.
Sim, porque a pobre araucária ficava num pequeno canteiro, suas raízes já quebraram a calçada mais de uma vez, ela estava a poucos metros de um poste de luz e de muita fiação, em vendavais ela balançava em direção ao meu quarto, entupia as calhas e tudo mais com sapé seco, soltava galhos de sapé verdes, pesados e espinhentos, me impedindo de deixar as crianças brincarem à vontade lá fora. Mas era um senhor que ainda gozava de muita saúde, imponente, sem fungos, "gordão, fortão". Aí um mocinho de uns 25 e poucos anos escalou aqueles 20 metros rapidamente e em torno de 5 horas, o que havia não há mais. Cortava pedaços de 50 cm e soltava lá de cima, e dentro de casa meu coração tremia a cada queda. 
Olhei pela janela do quarto e do outro lado da rua estava o vizinho, de uns 90 anos, apoiado no seu andador. Olhos vagos e tristes, afinal foi ele quem plantou o bendito pinheiro sabe-se lá em que momento da sua vida, quando tudo isso aqui ainda era a fazenda em que a família dele morava. Impossível não pensar no que se passava naquela cabecinha branca durante o processo.
E meus pequenos? Agitadíssimos, trancados dentro de casa, reagindo com irritação e instinto àquela morte brusca e ao barulho da motoserra.

Digamos que esse dia coroou uma semana pesada, lotada, cansativa, desgastante. Nada específico, mas uma montoeira de "cotidianices" tão comuns hoje em dia.
Que essa Páscoa realmente traga renascimento, novos ares, um alívio mental.
E se possível, um bom tantinho de chocolates, pra adoçar a vida. ;)
Bom feriado!

segunda-feira, 18 de março de 2013

Just Another Cloudy Day

Será que eu ainda sei escrever? Idéias, digo, por que essa nova ortografia, me poupe. Acho que serei como meu falecido avô, que foi à pharmácia até o fim da vida. E eu me recuso a comer pizza de "muçarela", me daria indigestão. Já uma de muzzarela, essa cai bem.

Devaneios, devaneios.

Agora, além de não escrever, também não tenho conseguido acompanhar meus blogs do coração. E oh, God, como isso me faz falta. Hoje abri um deles num momento roubado do meu dia (sabem como? Escondida de mim mesma, pois devia estar fazendo outras coisas?). O escolhido foi o Brincando de Casinha. Ai, que feliz. A Mari escreve fácil, leve, bom de querer saber se tem mais pra saciar a vontade. E que delícia, como eu não entrava lá faz tempo, tinha bastante coisa pra me entreter.
Aí que levantei inspirada após a leitura, com vontade de arrumar minha casa, ver coisas bonitas em volta e não só brinquedos, roupas, sapatos e tudo o mais espalhados por tôdos os cômodos à minha volta.

Hoje mini surtei, minha fiel escudeira das quartas feiras não veio essa semana e só assim a gente percebe como uma boa faxina semanal faz TODA a diferença numa casa. Entonces que passei a semana fazendo coisas fora de casa, o fato dela não ter vindo passou meio batido. Porém hoje, domingão, dia em casa, a realidade me dominou e me vi envolta em tentáculos sufocantes de bagunça, sujeira e "todo mundo com preguiça". Só eu não podendo me dar ao tal luxo da preguiça. Receita certa para ataques psicóticos em humanos até então sob controle.

Prazer, Nazaré. Qual sua graça?

Alguns gritos e afins depois, vejo a sala em quase harmonia, a cozinha novamente com o piso branco e toda a louça limpa, muita roupa lavada e pasmem!, até o quarto de brinquedos das crianças arrumado. Valeu mãe, que pôs o Theo pra trabalhar.

Mas esses momentos são importantes.
Com a mente mais limpa pós-surto, comecei a vislumbrar a cor que quero no meu quarto, a prateleira que vai na parede da sala, as roupas que vão embora do guarda-roupa, os livros ainda não lidos em destaque na estante, enfim, passos à frente em vez dos usuais passinhos laterais de caranguejo da canceriana enrolada aqui. Gente, como crianças bagunçam uma vida adulta.

Complicado com eles, impossível imaginar a vida sem eles. Minhas delícias.

Creio que esse será um blog com muita atividade produtiva/criativa sobre assuntos da terceira idade, porque estarei vivendo isso quando puder produzir criativamente com a frequência desejada ;)

Apesar da quase exaustão diária, estou feliz. Então tudo vale a pena. Até logo!

sexta-feira, 9 de novembro de 2012

Vagos pensamentos

"Eu podia tá roubando, eu podia tá matando", mas na verdade mesmo eu devia estar dormindo. 5 pra uma da manhã e resolvo começar a escrever???
Os pequenos dormem profundamente.  Vou aproveitar que o sono não me dominou por completo.
Minha teoria do último (e empoeirado, cof, cof!) post, aquela onde eu dizia que seria organizada e teria rotina, sabem? Pois é. Ainda não funcionou.
Mudei de consultório em julho. Pagava demais no centro da cidade para usar de menos. Como percebe-se, não quero abrir mão da profissão, mas também não é o momento de sair por aí fazendo palestras e folders e angariar novos pacientes. Casa, ninho, crianças pequenas. Depois mudo o foco.
Então comecei a atender minhas pacientes queridas, que não se importam com meus eventuais atrasos e mamadas fora de hora, num local muito especial, que pra minha sorte fica embaixo do apto dos meus pais. O ruim é que fica do ooooutro lado da cidade. Ir até lá implica em almoçar correndo em casa ou almoçar na minha mãe, pós escola do Theo (que acaba 12:15, soma trânsito, danou-se almoço na horinha certa da fome dele). Já começa a confusão. Aí ele não dorme de tarde, porque fica alvoroçado com o primo, a avó, as pessoas queridas dele que transitam por lá. 
Lara, que tem altas tendências pra ser arroz de festa, curte muito os paparicos, passa a tarde com biscoitos na boca, não dorme tudo que precisa. E a vinda pra casa de noitinha é longa o suficiente para que durmam e curta demais para que seja todo o sono que precisam. Chegam em casa acordando ao sair do carro, aos berros, irritados, é um parto de elefante fazer todo mundo sossegar (eu inclusa), fazer com que jantem, tomem banho, as noites invariavelmente são minhas a partir das... 23:00. Pra comer, tomar banho, lavar louça, verificar extratos e pagamentos, separar roupas limpas de sujas, ler, ver tv... e ter que acordar 7:00 pra arrumar o Theo pra escola.
"Donde que" acabo não fazendo metade e o blog, esse que me faz tanta falta, fica só na lembrança de tempos áureos onde minha vida era só minha.
Fique claro que não dou, não vendo e não troco esse meu mundinho caótico. É bagunçado, mas é meu, e eu amo muito tudo isso  ;)
Mas alguns desses dias me pego com a faca na mão, cotovelo apoiado no avental e o pensamento lá longe. Invejando Dona Benta, que tem tia Anastácia a postos na cozinha fazendo delícias. Ou varrendo pela terceira vez a trilha de comidinhas que a Lara vai soltando (pra não se perder no caminho de volta, penso eu?) e sonhando com o dia em que a Rose não será apenas a empregada dos Jetsons, mas uma realidade. Torcendo para que chegue logo o dia em que essas crianças aprendam a se limpar sozinhas depois do cocô. Mentalizando boas vibrações para o marido chegar bem humorado em casa e pelo menos lavar a louça empilhada na pia.
Assim, devaneios. Não paga nada por isso, né Arnaldo?
Vou começar a procurar sorteios onde o prêmio seja "spa". Spa day, spa week, massagens de nomes bizarros, pedras quentes na coluna, águas termais, etc. Vai que ganho algum desses? Mas vai ser prêmio mesmo se for só pra uma pessoa, hehehe... e no máximo dois dias, senão eu me desmonto de saudade.

Não viaja, Uli. E vai dormir, que amanhã você vai se arrepender de ter vindo aqui.

-Falou a voz da consciência. Eu obedeço.
Boa noite.


quinta-feira, 26 de abril de 2012

"Uma mãe animal", com muitas confusões e trapalhadas

Que rufem os tambores, preciso dividir esse momento: é quinta feira, são 4 e pouco da tarde, chove muito lá fora e estou - tchãrãnnn - com tempo livre!!!!!!!
Theo e Lara dormem aqui perto, cada um na sua soneca profunda da tarde. Tenho planilhas pra atualizar, roupas pra passar, armários pra organizar, mas decidi que... não. Simples assim. Hoje, não. My very own personal holiday.
Tenho pensado muito na missão que é a maternidade. O Theo frequenta uma pré-escola antroposófica, de pedagogia waldorf. As reuniões de pais, as conversas da saída da escola com as professoras e outras mães, o grupo de trabalhos manuais das mães que tenho feito parte às quartas feiras, tudo isso vem acendendo várias luzes no meu cérebro. Por que alguém coloca mais dois seres humanos no mundo nos dias de hoje?
A gente procura viver da maneira que considera a mais correta, certo? Seja seguindo os próprios valores, que vieram da família de origem, seja pra ficar bem aos olhos do nosso meio social, praqueles que estão sempre procurando o fio da meada.

Qualquer semelhança com minhas olheiras não é mera coincidência.
Procuro ser a melhor mãe que eu consigo. Como disse um pai na reunião da escola essa semana, "o que importa é a maneira com que vc diz o não para a criança. Se tiver culpa, danou-se. Se tiver raiva, a criança vai sentir. E isso tem que ser trabalhado dentro da gente, porque sim, às vezes dá uma raiva tão grande daquela pequena pessoa na sua frente te desafiando, e vc tem que ser o adulto da relação". Meus dias têm sido de desenvolvimento do auto controle nível ten plus mega combo.
Ontem a Lara, aos 6 meses, começou a se arrastar. Acabaram-se os dias de simplesmente deixá-la deitadinha no tapete de EVA cercada de brinquedos, a partir desse momento preciso reativar meus olhos da nuca, do couro cabeludo e acima das orelhas, porque com certeza ela vai se meter onde não deve. E o Theo, do alto dos seus 3 anos e 7 meses, está naquele dilema do "cresço e perco de vez meu posto de neném ou imito a Lara, já que todos acham tudo que ela faz tão fofo?". E entrei numa semana de impor meu papel de rainha, e ele como nobre e honrado cavaleiro me deve respeito sem questionar os porquês.
Aí existe a linha tênue entre não questionar as regras básicas de uma casa e da sociedade, mas sim, questionar o mundo sobre todas as curiosidades que tiver. E conseguir deixar isso claro pra uma criança pequena desgasta um ser humano, vou te contar. Hoje é quinta e tivemos 3 almoços só essa semana que acabaram na hora do jantar. " Você não levanta dessa cadeira enquanto tiver comida nesse prato". Choro, vela, fita amarela, barganhas, um menino dormindo encolhido na cadeira a sua soneca da tarde, passamos por tudo isso. Mas hoje ao receber o prato a colher foi naturalmente para as mãos em vez do "eu quero que você me dê!"
O difícil é ser forte, não sorrir nem chorar e manter a firmeza na voz, não voltar atrás depois que o impasse se instala. 
Hoje minha vida são essas crianças. Quando leio artigos e reportagens, quando converso com mulheres (mães ou não), é uma constante a idéia de que eu "não posso esquecer de mim". Que preciso ter um jantar romântico com o marido uma vez por semana, que preciso ter tempo para academia, que meu trabalho não deve ser renegado, que minha vida social precisa existir, que meus cabelos e unhas precisam estar sempre bem cuidados.
Então... até acho simpáticas essas idéias. Mas não. Tá, tá, não quero virar aquela mulher de rabo de cavalo torto, moletom sempre cheio de manchas de baba e comida e que não sabe falar de nada além dos filhos. É muito fácil ir por esse caminho. Mas ontem, conversando com minha mãe, acessei muitas memórias e ela ou meu pai SEMPRE estiveram lá. Ali. Perto.
Levei broncas, ganhei colo, tive ajuda pra fazer lição de casa, tudo que eu perguntava um dos dois sabia responder, minha casa cheirava bem, minhas roupas eram bem cuidadas, eu tinha uma boa educação (em casa e na escola), tinha lazer, tinha atividades extra curriculares. Isso com mais dois irmãos e um orçamento geralmente apertado.
Meus pequenos vão crescer (estão crescendo!!) muito rápido. Fui adolescente até outro dia, e sei que adolescentes querem os amigos mais do que os pais. Mas eu sempre quis meus pais perto, mesmo que passasse os dias com os amigos. Eram meus pais, não meus "BFF"s confidentes. E gostaria de ser esse porto seguro pro Theo e pra Lara. Que tenham seu amigos pra fazer suas confidências e aventuras, mas que se sintam à vontade pra compartilhar seus sentimentos comigo. E a hora de plantar isso é agora, quando estou atenta às suas necessidades, suas pequenas descobertas, seus treinos para serem humanos.
Como isso exige dedicação e tempo ( e agora são dois, cada um merecendo um tempo a sós com mamãe), tive que priorizar um bom tanto de coisas e deletar ou mandar pro depósito outro tanto. Como sinto falta de ler! Acabar com um livro em poucos dias, me deliciar com a história. Voltar a fazer cursos, nadar, fazer yoga... mas, sempre, a chave está no equilíbrio. Aos poucos o sono entra nos eixos, eles crescem e me ajudam mais, o tempo pro trabalho aumenta, de repente dá até pra postar no blog em plena luz do dia ;o)
O segredo é ter organização, estabelecer uma rotina e segui-la o mais fielmente possível e aceitar. Aceitar que não vai poder ir no aniversário da amiga na balada, que para ir no cinema é necessário organizar uma cansativa força-tarefa, que se conseguir fazer as unhas a cada 30 ou 40 dias, está no lucro. Que a escolha daquele homem pra ser o pai dos seus filhos tenha sido um momento inspirado e ele entenda que ou os dois assumem os remos do barco ou este vai ficar girando no mesmo lugar.
E que tudo vale a pena quando vc ganha um sorriso banguela ou um "eu te amo, mamãe", pelo simples fato de existir.
E o Theo acordou. Durou pouco, meu feriado ;op
xoxo,
Gossip Girl.


ps: BFF = best friend forever. Soooo teenager style.

UPDATE = enquanto eu escrevia isso, a amiga Camila Voigt perguntava no Facebook minha opinião sobre esse vídeo: http://www.youtube.com/watch?v=7ni0NwhNhD8 . Sincronicidade? Recomendo.

terça-feira, 29 de novembro de 2011

Ela.

Comecemos pelo cheiro. Adocicado, dependendo do horário do dia, meio azedinho, "coalhado". Ainda assim, o cheiro. Viciante de tantas maneiras! Aí temos a pele. Macia, sensível, toda trabalhada nos mil origamis espalhados pelo corpinho. Os olhos! Azuis escuros, ainda um pouco acinzentados, mas sempre atentos e curiosos (quando não fechados, pois se há uma criatura que dorme nessa vida, é ela...).
Essa é minha pequena Lara.
Depois de um pé que me paralisou, de uma mudança que me estressou, de uma lista de gastos que me enervou, acordei dia 17 de outubro em plena madrugada com água saindo de dentro de mim. Estava pronta para nascer, essa minha menininha. Banho longo, arrumações finais e muita calma, fomos para a maternidade. Contrações, mais líquido, mas de novo meu colo do útero mega possessivo impediu a natureza de agir e tivemos que dar uma força cirúrgica para trazê-la pra fora. Outra cesárea.
E nasceu, linda, berrando muito, gorduchinha e muito doce. E esses foram meus últimos 42 dias, intensos, muito ocupados, um tanto doloridos mas em ótima companhia.
Meu computador insiste em não funcionar, insisto em levá-lo para a assistência técnica (valeu Positivo, nunca mais compro nada de vocês!). Uma hora essa situação se resolve, mas enquanto estiver na garantia, exigirei meus direitos. Pena, pois nesse momento gostaria de baixar fotos dela, interagir mais com as pessoas, trocar e-mails frequentes com as amigas. Por outro lado, já tenho uma casa pra dar conta, um filhote de 3 anos para administrar e muitas coisas para aprender com minha pequena delícia, talvez com um computador sempre perto a dedicação não fosse tanta ;o)
É isso. Morro de saudades de vir aqui ler e postar, mas nesse momento, a vida real me chama aos berros.
Desculpa aí, tenho que ir. Ou ela não pára mais de gritar.
Volto. Ah, se volto!!

sexta-feira, 7 de outubro de 2011

O caos e a escuridão. E a luz no fim do túnel.

Voltei.
Arrependida de ter reclamado tanto dos sintomas da gravidez, quisera eu que nesses últimos dias meus únicos transtornos tivessem sido azia, dores ocasionais, inchaços.
Vamos lá: minha bota ortopédica deveria ter ficado no pé por duas semanas, ficou um mês. Sem dirigir, mancando, pesada. Lado bom: em vez de carro, usei táxi e ônibus pra ir ao consultório atender, ao dentista, etc. Me forcei a caminhar e saí um pouco do sedentarismo. Lado ruim: andei por aí de bota ortopédica. Quem disse que barrigão e bota são garantia de lugar no ônibus? Ô gentinha mal-educada, por Deus!!
Bueno, há duas semanas mudamos de casa. É. E estou no fim da 37a. semana de gravidez. Mas foi assim que pôde ser, aos 48 do segundo tempo. Irmão, cunhada e sobrinho amados foram de mudança pra SC e começamos a trazer as coisas pra casa que eles moravam e agora é nossa home sweet home no mesmo dia. Marido teimoso quis fazer o estilo "sou da Granero" e passou uma semana de mula de carga, baixou os bancos do carro e até a geladeira ele trouxe. Imaginem o stress, dele e o que ele espalhou em volta. Mas deu certo, sem grandes avarias.
Dica: se for fazer mudança grávida, faça com a barriga beeem grande. Isso comove as pessoas e a ajuda vem "de turma", menos de 15 dias e tá tudo praticamente no lugar!!

(Pausa para os agradecimentos aos familiares e amigos queridos:
Minha mãe continua sendo a melhor do planeta, organizando minha cabeça enquanto sugere usos, praticidades e lugares para as coisas (e mega põe a mão na massa). Meu pai com sua furadeira e boa vontade de carregador trazendo coisas pra lá e pra cá, Nega e Lu literalmente embalando, carregando e limpando as coisas, Jorge e Lia no backstage da infra-estrutura, fazendo diferença, lavando, pintando; Tathi, que espontaneamente se ofereceu pra pintar a decoração  do quartinho da Lara (e tá ficando todo fofo). Madi querida, sempre com um almoço na mesa e prestativa pra cuidar do Theo, além de ajudar no que eu preciso, na hora que eu preciso. Fora os amigos que dão bobeira de bater a campainha pra ver como a gente está e entram na dança, "pega aquela caixa ali, coloca isso aqui", etc, nossos muito obrigados.
E claro, ao meu Cau querido, que está vencendo todos seus temores, orgulhos e preconceitos e realmente me ajudando a fazer dessa nova casa nosso lar, uma casa de família e não uma república de estudantes.)

Então, 3  noites na casa nova e Theo passou mal à noite. Dois dias enrolando com própolis, repouso, mas o menino sem apetite e cabisbaixo começou a preocupar. Hospital e o resultado: pneumonia. Theo uma semana em casa, 4 inalações por dia, antibiótico e tudo voltou ao normal.

Peraí: o que teve de normal até agora??

Continuemos.
Pedi ao meu sogro que pintasse a cômoda e o berço do Theo pra dar uma "refrescada" nos móveis na hora da Lara herdá-los. Pois o homem arranjou montes de trabalho justo agora? Nono mês de gravidez e nada do berço no quarto ainda. Ai, ai...
Fora a entrega do apartamento, nossa grana foi priorizada pra entrar na casa nova, mas 10 anos morando de aluguel meio que deterioram "um tanto" um apartamento, e nossa última semana foi insana dando um jeito "artesanal" no bichinho antes da vistoria. Dá-lhe coluna e paciência.
E, claro, nesse mês venceu meu passaporte austríaco e tive que correr renová-lo, venceu nosso seguro do carro, mudou a administradora de condomínio do apartamento e a nova ainda não se afinou com a síndica, não sabem onde estão comprovantes e outras coisas importantes para que eu possa entregar o imóvel, tenho que cadastrar meu título de eleitor pra ontem, porque depois que ela nascer esse assunto com certeza sai da minha pauta de prioridades e sou capaz de perder o prazo, preciso ver o que ainda falta do enxoval da Lara e não tenho mais foco pra isso, não fiz minha mala da maternidade, Theo anda tendo crises de ciúme da irmã e tenho que prepará-lo para dormir duas noites na vovó enquanto estivermos no hospital, meu notebook (Positivo, boo-hoo! Fora, enganação!) resolveu que nessa casa ele não se conectará à internet, queimou o motor do portão da casa e roubaram o carro do serralheiro com o portão e o motor novo que encomendamos, e... ah, chega. Essa foi a parte do caos e escuridão. Precisava dividir, nem que fosse com o mundo.

E com tudo isso, ontem fiz ecografia e a pequena está linda lá dentro, já com 3 kg e 48 cm de gostosura e toda curtindo seus drinks de líquido amniótico. A barriga já deu uma boa baixada, aí como, me movimento e durmo melhor. Nas duas últimas noites fiz xixi tarde, na hora de dormir, e só acordei 6 e pouco da manhã pra fazer outro. Chego a dormir 5, 6 horas por dia, um recorde para essa gravidez.
É isso. Segunda faço meu primeiro exame de toque e avaliaremos marromenos quando Lara deve chegar.
E essa é a parte da luz no fim do túnel. ;o)
Se minha sanidade mental permitir, ainda volto antes do parto. Senão, hasta la vista. Foi bom estar com vocês.

quinta-feira, 8 de setembro de 2011

Francisco. O pequeno.

Meu pai se chama Francisco. Mas este texto não é sobre ele. É sobre meu novo objeto de paixão, o neto mais recente do Francisco avô. Meu sobrinho lindo.
Hoje passei muuuuuito tempo com Francisco no colo.


Me apaixonando aos poucos e perdidamente pela micro orelha, pelo nariz arrebitado, pela boca mais que perfeita.
Pelo cheiro delicioso de bebê-que-só-mama-no-peito, pelos olhos ainda sem cílios e de cor indefinida me observando tempos infinitos sem piscar.
Pelo silêncio de quem muito dorme mas também muito observa, cujo choro é baixinho, apertado, como se não quisesse incomodar demais.
Francisco completa 3 semanas na segunda feira, já tem as feições de um recém-nascido bonitinho e não mais aquela carinha inchada de quem acaba de sair da barriga. Que também era linda, deixo claro.
Ele vai (junto com os pais, obviamente) morar na praia. Láááá na praia. Hoje já o vi polaquinho de cabelo queimado de sol, havaianinha no pé, pele bronzeada e sorrisão na cara. Correndo com os cachorros pelo mato, pela areia, pela água, sem medo da vida. Infância de criança privilegiada, não?
Algo me diz que vou me esforçar pra ir muuuito pra praia pelos pŕoximos vários anos.

quinta-feira, 1 de setembro de 2011

Benzadeus

São 21:57. Theo está há 5 horas choramingando nos meus ouvidos. 5 horas.
Estamos em treinamento pra ele comer sozinho, apesar de fofo e companheiro pra muita coisa, insiste em ser dependente nas coisas básicas. E peoples, ele faz 3 anos em menos de duas semanas. E peoples, eu terei uma bebê pra me ocupar em 6 a 8 semanas. Mais que na hora, né? Não rola dar todas as refeições na boca, não rola levantar a cueca depois de cada xixi... não rola.
Tem sido uma semana intensa, essa. Faz 15 minutos que ele acabou de comer o prato... do almoço. Brigamos na hora do almoço, dormiu, brigamos nas últimas 5 horas. Tudo complicou porque decidi lavar as roupinhas da Lara, aí o caldo entornou. Enquanto ela mora só na minha barriga e não incomoda, tá tudo lindo, "quero muito minha irmã". A partir do momento que as coisas dela apareceram e mamãe priorizou cuidar DELA em vez dele, saíram cobras e lagartos daquela pequena boca.
Semana passada torci o ligamento do pé, estou de bota ortopédica por 3 semanas (uma já foi, ieiii!!). Isso quando carrego 2 kg de bebê e preciso(ava?) dirigir fazendo mil coisas antes do nascimento, agora sou pessoa que depende dos outros pra tudo. Então o humor não tá o mais 100%. Juntemos hormônios de oitavo mês saindo pelos poros e uma criança miando nos ouvidos por horas, ó...



Tem dias que só por Deus.

terça-feira, 23 de agosto de 2011

Sementes Espalhadas

Já-já voltei. Ãrrã.
Realmente o ano não anda promissor aqui na internet pra mim. Muita coisa prática e mais urgente na frente pra dar conta, sabem?
Então que o nome da menina é Lara. Quem me acompanha em redes sociais já sabia, mas tamos aí, requentando notícia. Demorou, viu? 13 semanas de deliberações até a decisão final do júri. E hoje não consigo imaginar outro nome pra ela.
Ontem veio ao mundo Francisco, meu sobrinho pequerrucho, primeiro filhote do meu irmão caçula Bruno e da minha cunhada-irmã-querida Thaís. Não pude vê-lo ao vivo ainda, mas por fotos já apaixonei. Bem vindo menino lindo, que sua presença fortaleça ainda mais o amor dos teus pais!
Foi um, resta uma. O ano passou voando em torno de roupinhas e badulaques e montagem de quartos e mudanças. Minha mãe se viu doidinha lavando quantidades enormes de roupinhas dos netos, bebês foram assunto dominante, mas agora, com a chegada do pequeno Francisco parece que tudo começa a girar mais devagar, a entrar nos eixos.
Preciso maneirar na ansiedade, pois a balança não tem gostado muito dos meus abusos. Sem pensar entram quantidades enormes de carboidratos, açúcar e afins no meu organismo, quero ver essas calorias saírem dele! Mas tá, isso é problema pra depois.
Lara é grandona, posso sentir. Já virou, semana passada senti a cambalhota e desde então, é pressão constante nas costelas e nos meus amassados orgãos internos. Mas tirando os momentos de dor aguda, é delicioso sentir a pequena brincando lá dentro, fazendo ondinhas na barriga quando algo a incomoda, se posicionando desde já no mundo.
Theo está encantado com ela, conversa muito com a irmã, faz carinho toda vez que chega perto da barriga, e algo me diz que passando o ciúme inicial, vai ser pau mandado na mão da caçula.
E eu fico aqui no meu canto, às vezes pirando o cabeção com neuras típicas de grávida, outras vezes elaborando teorias profundas sobre a humanidade. No consultório, ando pessoa prática, tenho poucas sessões com meus queridos pacientes antes de "sair pra parir" e só volto dali uns meses. Tô plantando sementes em todos para que possam refletir nesse meu tempo fora e não deixem de se auto desafiar e se descobrir mais a cada dia, às vezes acho que falo além da conta; mas nenhum deixou de ir até agora, então deve estar tudo bem ;o)






E apesar da superlotação à minha volta, de sentimentos, de expectativas, de pressões e pessoas, por dentro entrei em fase minimalista, pasmem! Quero clareza, quero faxina, quero me livrar de coisas, quero o bom e o necessário por perto. Um ninho mais clean dessa vez, eu diria. Que será que me espera com o nascimento dessa menina?
Hasta.